domingo, 13 de março de 2011

Adeus Levezinho

Ontem saí do estádio com um nó na garganta. Emocionado. Triste.

O jogo prestava-se a festa. O adversário, um dos mais fracos do campeonato, não devia ter argumentos para se bater contra uma das maiores potências desportivas do país futebolístico. No papel. Mas, como os sportinguistas têm tristemente verificado nos últimos meses, o papel não conta num jogo de futebol. E aquilo que os estóicos que ainda se desolcam a Alvalade (já somos metade dos que eramos há um par de anos, meus amigos) têm verificado é uma sombra do que outrora já foi uma equipa.

E ali esteve ele. Irreverente. Incansável. Levezinho. A correr. A lutar. A marcar o primeiro do jogo, como tantas vezes o fez. Como fez pela última vez. Depois, por entre erros e falta de qualidade gritante, vimo-nos a sofrer 3 golos de um clube banalíssimo. A equipa derrotada, sem ideias, sem clarividência. E eis que aos 89 minutos surge novamente a qualidade acima da média: o golo do Liédson. O segundo do jogo. O último em Alvalade.

Empatámos o jogo. Ele empatou-nos o jogo. É extraordinário como um jogador com contrato assinado por outro clube consegue ser o que mais corre, o que mais recupera, o que mais parece querer dizer “não, isto não está certo, nós temos obrigação de ganhar”. E, mais importante, ser o que mais faz por isso.

A saída do nosso melhor jogador da última década encerra em si um mostruário do que tem sido a gestão do Sporting dos últimos anos. Todos sabíamos a idade do jogador. Que ele não duraria para sempre. E, ainda assim, só os mais desatentos acreditariam na competência de fazer a coisa certa: acautelar o futuro antes do inevitável. Agir antes de reagir. Contratar um substituto à altura antes da saída do actual. Que diabo, construir uma casa de tijolo em vez de uma casa de palha! Ninguém aprendeu nada com os três porquinhos?

A somar à falta de planeamento, a escolha do timing: vender o melhor jogador da equipa no último dia de transferências sem ter um plano seguro não é gerir uma equipa, é andar a brincar aos jogos de computador. E não, ter o Kléber apalavrado não é, como se viu, um plano seguro. Hesito mesmo em chamar-lhe plano.  Depois, atacar o resto do campeonato com uma frente de ataque onde pontificam Postiga e Saleiro é mais do que fazer pouco dos sócios e adeptos: é confirmar que a equipa irá lutar pelo lugar condizente com a qualidade dos seus dirigentes. Valerá a pena referir que em seis meses esta equipa vendeu ao desbarato o seu capitão a um clube rival e o maior goleador para uma reforma antecipada?

Foi por isso que ontem chorámos. Ele e nós. Porque, depois de oito anos com uma referência no ataque,  todos sabemos que é pouco provável voltarmos a ver num futuro breve jogadores com esta qualidade de leão ao peito.

Ontem saí do estádio com um nó na garganta. Emocionado. Triste. Alvalade apagou a luz com menos uma estrela no seu céu. Adeus, Levezinho. Até logo. Até sempre.

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